AMAN75-83
O tema é: Contrarrevolução

Um Brasil Melhor – 50 anos da virada

Por: FRANCISCO VANDERLEI TEIXEIRA DE OLIVEIRA - CEL 75

Em: 31 de MARÇO de 2014

A contar de 31 de março de 1964 o nosso país viveu momentos de especial significância para o seu futuro. Naquela ocasião o discurso girava em torno do modelo a ser adotado em face das opções de ordem ideológica que se apresentavam no contexto mundial. Vivíamos um clima de guerra declarada no mundo ante as correntes centralizadas nos Estados Unidos e da União Soviética que tentavam manter e expandir os seus espaços de influência. Internamente vivíamos uma reprodução do quadro internacional. A guerra foi deflagrada e os opositores se debatiam, cada um com suas armas e suas formas. De um lado os idealistas de esquerda e do outro as forças legais do País. Após um período de desequilíbrio interno o povo brasileiro creditou às Forças Armadas a condução do processo de retomada dos caminhos da normalidade democrática. Exerceu assim a sua livre escolha dentre as opções apresentadas e manteve o que a nossa história e a nossa gente escolhera para direcionar as energias rumo ao futuro.

O governo instalado traçou os seus objetivos estratégicos de curto, médio e longo prazo. Com toda a credibilidade de que fora investido manteve os olhos voltados para o futuro e desenvolveu ações que buscavam dar aos brasileiros as melhores condições de vida. A ordem internacional exigia que fossem adotadas medidas que não permitissem a continuidade da influência externa contrária aos princípios selecionados. Aos poucos as coisas foram ganhando forma e se reorganizando e o Brasil retomando o seu rumo com ordem e segurança.

Persistiram as correntes de influência contrárias ao que se escolhera como saída digna para o país. Surgiram focos de resistência que adotaram como forma de ação a luta armada. Com o tempo isso foi ganhando corpo e foi necessário conter a violência que se instalara e a radicalização. Respeitados os interesses da Nação criaram-se mecanismos de combate aos grupos dissidentes que passaram a agir em prejuízo das instituições e da paz da população. O confronto foi estabelecido e o estado de guerra passou a nortear as ações dos contendores, o Estado brasileiro e os que não aceitavam o rumo escolhido. Nesse clima surgiram problemas de ordem interna e medidas legais restritivas foram adotadas para se conter a baderna. Como em qualquer confronto, há possibilidade de excessos das partes, sendo essa a principal alegação apresentada pelos dois lados em conflito. Terrorismo e tortura são práticas que se assemelham nas suas nuances de execução e de objetivos. Submetem as pessoas a tratamento desumano, cruel e degradante. Encontrar justificativas plausíveis para esses atos seria negar a própria condição da natureza humana. O tempo foi o senhor da razão e a paz foi aos poucos se instalando. Houve baixas irreparáveis dos dois lados. Ganhou o Brasil e o povo brasileiro para poder dar continuidade a caminhada vitoriosa.

Brasileiros que se encontravam no exterior voltaram para participar da vida ativa e da política em sua pátria. Fora estabelecida a Anistia ampla, geral e irrestrita como forma de se retomar o clima de normalidade política e democrática. Após alguns anos o governo deixou de ser exercido pelos militares e foi devolvido aos políticos, que sempre o desejaram e para o qual eram naturalmente habilitados. A democracia foi aos poucos ganhando força e se fixando de forma segura e definitiva no Brasil. Durante esse tempo muito se avançou nas áreas prioritárias para o desenvolvimento. Nos campos político, econômico, social e militar demos saltos de qualidade que abriu horizontes para sermos inseridos no contexto das grandes Nações. Somos hoje um povo respeitado e merecemos ter a nossa caminhada assegurada e iluminada pelos desígnios de Deus.

O recente ambiente político nacional não deve impulsionar o rompimento de preceitos fundamentais para a conquista da plenitude democrática. Torna-se absolutamente improdutivo a busca das razões que, a título de argumentações nem sempre verdadeiras, os vetores políticos de ontem tentam reviver com o intuito de afirmar as justificativas de cada um. O fato está consumado e não há mais como retornar no tempo. Resta-nos, como povo organizado, envidar todos os esforços para a construção de um Brasil mais justo, seguro e sem pobreza.

Precisamos da determinação dos governantes para não deixar minar o campo fértil para a continuidade da evolução dos parâmetros de dignidade para os brasileiros. Estamos numa caminhada segura e sem sobressaltos. O Brasil deu passos largos rumo ao progresso necessário e desejado pela maioria da sua população. As preocupações devem estar centradas na eliminação de determinados focos que ainda persistem em nos deixar estarrecidos. Priorizar a nossa pauta de intenções na direção daquilo que continua diuturnamente aterrorizando o povo brasileiro de qualquer camada social, em especial os desprotegidos.

Cuidar da EDUCAÇÃO com zelo e afinco, buscando atingir o nível de excelência tão importante e desejável para o presente e o futuro do Brasil. Cuidar da SAÚDE com absoluta determinação, para mudar o apavorante quadro de intranquilidade nas pessoas, assegurando-lhes a valorização da vida como meta e eliminando de vez as incertezas a que vivem submetidos. Cuidar da SEGURANÇA com profissionalismo, depositando nos seus órgãos e agentes a confiança de que são merecedores, para agirem dentro da lei e com condições de trabalho dignas. Cuidar dos PRESÍDIOS com dedicação, para que os nossos presidiários possam retornar ao convívio da sociedade como seres humanos respeitados. Combater o TRÁFICO DE DROGAS com firmeza e extrema urgência, para libertar as nossas crianças e jovens das garras dos traficantes e da impotência física e psicológica, para que exerçam com dignidade a plenitude das suas potencialidades e participem da construção do futuro. Cuidar da ATIVIDADE ECONÔMICA com responsabilidade e transparência, para que possamos eliminar os obstáculos que nos impedem de dar o salto de qualidade e nos posicionar como país de primeiro mundo. Manter os VEÍCULOS DE COMUNICAÇÕES livres e atentos, para que possam prestar a sua grande contribuição em favor dos desassistidos e dos interesses supra governamentais da população, acompanhando e divulgando as falcatruas que impregnam a nossa pauta diária. Acelerar a nossa AGENDA POLÍTICA com espírito elevado, para removermos os gargalos que ainda nos paralisam na trajetória que nos conduzirá ao lugar que nos está reservado junto às grandes potências.

Não temos o direito de virar os acontecimentos de cabeça para baixo, no tempo e no espaço. O Brasil e o seu povo merecem algo muito mais nobre dos seus representantes, sejam eles civis ou militares, para fazer frente aos constantes desafios. No momento tão especial que vivemos, com grandes e promissoras expectativas, é previdente que não nos permitamos pagar para ver o AVESSO do AVESSO, emitindo juízos carregados de sentimentos, e não nos apequenemos diante das questões de importância capital para o futuro da Nação.

O poder oficial e o paralelo estão impregnados pelo mesmo mal e também gozam das mesmas benesses que deixamos pacificamente se incorporar na nossa “cultura política”. Se os Poderes constituídos se deixaram e se deixam corromper a culpa é de todos nós, que não nos mobilizamos com força total no sentido de eliminar essa mancha das nossas instituições, como deve acontecer com um povo que sonha em ser evoluído.

Não nos parece razoavelmente inteligente tentar justificar o malfeito de agora com o malfeito praticado no tempo longínquo ou mais recente. É hora de focarmos o olhar para frente e deixarmos de perder tempo e dinheiro tentando desvendar problemas do passado. Devemos colocar toda a nossa capacidade criativa e a nossa energia para equacionar e resolver os problemas do presente e do futuro. Precisamos pegar o trem da felicidade que está andando a mil por hora. Os 50 anos passados não mais retornarão. Precisamos construir os próximos 50.

Agradeço aos que tiveram a gentileza de ler essas palavras e concito-os para meditar um pouco sobre os seguintes temas: a importância da qualidade dos nossos representantes nos Poderes da República; a extrema necessidade da existência de uma imprensa livre; a necessidade de valorizarmos os nossos empresários e os nossos trabalhadores, que juntos construirão uma Nação mais próspera; a prioridade que devemos dar na nossa luta individual e coletiva contra todos os atos que carreguem a mínima ponta de corrupção; e a absoluta força que devemos criar na nossa sociedade para remover as mazelas que ainda tomam conta de vários setores dos governos, das entidades civis, das comunidades, das famílias e de cada um de nós.

Só assim faremos com que os brasileiros pobres, sejam eles pretos, índios ou brancos, se transformem definitivamente em cidadãos honrados e dignos e que juntos, sem distinção de classes, possamos criar condições adequadas de vida para os nossos filhos e para as gerações futuras do nosso Brasil Melhor.